Titãs e “Sonífera Ilha”: o hit acidental que definiu os anos 80 no rock brasileiro
Criada em uma tarde despretensiosa, música rejeitada por gravadora se tornou clássico eterno

Em 1982, um grupo de amigos se reuniu em um mezanino em São Paulo, entre uma cerveja e outra, para improvisar sons e ideias. O que nasceu dessa reunião informal — com Ciro Pessoa, Tony Bellotto, Marcelo Fromer, Branco Mello e Carlos Barmack — foi uma música que, segundo os próprios integrantes, “não quer dizer nada”. Mas “Sonífera Ilha” acabou dizendo muito: se tornou um dos maiores sucessos dos Titãs e um marco definitivo do rock nacional.
De rejeitada a fenômeno nas rádios
Apesar de hoje ser considerada um clássico, “Sonífera Ilha” quase não viu a luz do dia. Gravadoras como a EMI rejeitaram a faixa, alegando que ela “não tinha gancho comercial”. Persistentes, os Titãs seguiram com a gravação do primeiro álbum da banda em um estúdio modesto. Foi aí que a música tomou forma definitiva.
O ponto de virada aconteceu quando Beto Rivera, locutor da Jovem Pan, tocou a canção no ar — mesmo sem autorização. O público reagiu imediatamente, e a faixa explodiu nas rádios, tomando conta do país e colocando os Titãs sob os holofotes.
Da irreverência à consagração

Com o sucesso repentino, os Titãs começaram a circular nos programas de televisão mais populares da época, como Raul Gil, Bolinha, Hebe e Chacrinha. Foi neste último que a esposa de Paulo Miklos, Raquel, sugeriu uma coreografia que a banda executou no palco do programa, consolidando sua imagem irreverente.
Apesar de o primeiro disco não ter sido um sucesso de vendas, “Sonífera Ilha” sobreviveu ao tempo e se firmou como um dos maiores símbolos da juventude dos anos 80, ainda hoje sendo presença garantida nos shows da banda.
Criada sem pretensão, rejeitada por executivos e alçada ao estrelato pela força do público, “Sonífera Ilha” é mais do que um hit: é uma prova de que a espontaneidade e a autenticidade sempre encontrarão seu caminho na história da música.
Fonte: Adaptado de Whiplash.Net